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O Wall Street Journal falou com empresas de aplicações, às quais os utilizadores do Gmail se ligam, cujos funcionários leram “milhões” de mensagens.
A Google confirmou que permite a terceiros ler os e-mails particulares enviados e recebidos pelas pessoas que têm conta no Gmail – ao todo 1,4 mil milhões de utilizadores em todo o mundo. Esta terça-feira, o Wall Street Journal noticiou o “Segredo Sujo Tecnológico”, com o testemunho de empresas de aplicações, cujos funcionários admitem ter lido “milhares” de mensagens privadas.
Como acontece? A partir do momento em que o utilizador associa a sua conta a alguma aplicação/serviço – por exemplo para planear viagens ou comparação de preços -, a empresa que a gere passa a ter acesso aos seus e-mails. Essa ligação inclui, de uma forma geral, a capacidade de ler, enviar, excluir e gerir o e-mail. Esta informação é utilizada para desenvolver novas aplicações, tendo em conta as tendências e gostos detetados, ou novo software.
A Google alega que esta prática não vai contra as suas políticas, uma vez que são as pessoas a autorizarem esse acesso quando fazem a associação da sua conta ao prestador de serviços.
O Wall Street Journal recordou que, “há um ano, a Google garantiu que iria impedir que os seus computadores analisassem as caixas de entrada dos utilizadores do Gmail em busca de informações para personalizar publicidade, dizendo que queria que os utilizadores continuassem confiantes de que o Google iria manter a privacidade e a segurança”.
“Invasão” pode ser revogada
No entanto, a multinacional gigante da internet “continua a permitir que os criadores externos de software leiam as caixas de entrada de milhões de utilizadores de Gmail, que se inscreveram em serviços com base no seu e-mail, oferecendo comparações de preços de compras, planeadores automáticos de viagem ou outras ferramentas”.
A Edison Software, por exemplo, revelou ao jornal que analisou os e-mails de centenas de pessoas para criar um novo software. Outra empresa – a eDataSource Inc. – disse que os engenheiros já analisaram e-mails para melhorar seus algoritmos. As empresas disseram que não pediram permissão específica aos utilizadores para ler suas mensagens do Gmail, porque a prática era coberta pelos contratos.
Em declarações à BBC, o professor Alan Woodward, da Universidade de Surrey, especialista em Segurança, salienta que “pode muito bem ser mencionado no contrato, mas não é o que se consideraria razoável, pois um ser humano de uma empresa terceira pode ler seus e-mails.”
A Google sublinhou à BBC que os utilizadores de Gmail podem aceder à página de verificação de segurança e ver a que aplicações / serviços têm a conta associada e revogar, a qualquer momento, essa permissão para partilha de dados.
FONTE: DN